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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Geografia dinâmica

O surgimento de novos países, como o Sudão do Sul (que explicamos na postagem anterior) é um exemplo de que o professor de Geografia não deve simplesmente pendurar o mapa múndi no quadro como se ele representasse algo estático. Mas isso não é algo novo. Onde trabalho, por exemplo, em um dos mapa múndi aparecem a Iugoslávia e a URSS ainda! Quantas mudanças existiram com o fim da URSS?
O professor deve ficar atento para o que está acontecendo no mundo, até por que os estudantes tem rápido acesso aos meios de comunicação e, muitas vezes, ficam sabendo dos acontecimentos antes mesmo dele. Mas cá entre nós, isso não é algo difícil para professores de Geografia, que gostam, geralmente, de saber o que acontece e discutir com os colegas durante os intervalos e as reuniões pedagógicas.  
Todo esse alarde feito pelos jornais ao que aconteceu e ainda acontece na Tunísia, Egito, Líbia e Barein, por exemplo, desperta em muitos estudantes a curiosidade de entender o que ele está vendo na TV e porque ele não passa por isso onde mora. O professor bem informado tem aí uma chance de dar uma boa aula e conquistar a credibilidade de muitos alunos. 
Sobre a questão do surgimento de novos países e separatismo, reuni informações de algumas regiões da América e Europa que gostariam de se tornar independentes:
Groenlândia: sofrendo influencia da Dinamarca desde o século XIV, a maior ilha do mundo (com 2 milhões de quilômetros quadrados e apenas 56 mil habitantes) localizada na América do Norte é, atualmente, um território semi-autônomo. O governo dinamarquês ainda é responsável por seis áreas na região: constituição, nacionalidade, Tribunal Supremo, defesa e segurança, política monetária e de divisas e política exterior. A posição da ilha é considerada estratégica e é rica em recursos minerais e petróleo.
Bandeira da Groenlândia.
Quebec: é maior província em área do Canadá,  a segunda mais habitada e com a segunda maior cidade (Montreal), possui cerca de 80% da população católica e descendente de franceses, ao contrário do restante do país, protestante e descendente de ingleses e escoceses. Com a sua língua, sua cultura e suas instituições, o Quebec é tido como uma nação dentro do Canadá. A partir da década de 1950, um movimento nacionalista começou a crescer na província, que culminou com a realização de duas votações, em 1980 e em 1995, pela separação do Quebec do Canadá. Em ambas as votações, a maioria da população da província votou contra a secessão.

Bandeira de Quebec. 

Catalunha: situado no nordeste da Espanha, a comunidade autônoma da Catalunha soma 32.114 km² e, aproximadamente, 7.250.000 habitantes. Os catalães se consideram uma nação dentro de outra, pois possuem cultura diferenciada, língua própria (uma mistura de castelhano com francês) e soberania política em relação à Espanha. Sua capital é Barcelona, uma das principais cidades espanholas.

Bandeira da Catalunha.
Flandres: o Reino da Bélgica é dividido em duas partes principais. O norte, onde se fala algo parecido com o holandês, chamado de flamengo, é Flandres e concentra 59% da população. O sul, onde se fala francês é a Valônia, com 31% da população. Há também a porção leste, onde se fala alemão com restante da população. A questão do separatismo gira em torno de que do lado de Flandres, partidos extremamente conservadores lutam pela separação, alegando que os valões vivem às custas dos flamengos. Isso em decorrência do passado belga, pois quando a Valônia era a região mais rica e seu povo menosprezava Flandres. Só que a situação se inverteu e Flandres tornou-se a região mais rica, despertando em muitos flamengos o sentimento de "vingança" em relação aos seu colegas do sul do país. Devido a um impasse político entre as duas regiões, em 17 de fevereiro de 2011 a Bélgica completou 249 dias sem governo! Superando o recorde do Iraque (248 dias). Isso porque os sete partidos belgas tentam formar um gabinete de governo estável desde as eleições antecipadas de 13 de junho do ano passado, mas não conseguem (veja mais na matéria da Deutsche Welle).

Bandeira de Flandres.
Irlanda do Norte: a República da Irlanda (do Sul) é um país independente, mas a do Norte (Ulster) é um palco de tensões. Tudo se deve a questões políticas travestidas de disputas religiosas entre católicos e protestantes desde o século XVII. De um lado, a maioria dos irlandeses, protestantes, unionistas, se identifica com os interesses do domínio britânico. De outro, a minoria católica, nacionalista, luta pelo fim da dominação inglesa e a posterior unificação com a vizinha República da Irlanda. Intensificando os conflitos, há a ação do grupo católico IRA (Irish Republican Army), mas que vem mudando suas estratégias de ações ultimamente, buscando força política e deixando de lado as ações terroristas.

Bandeira da Irlanda do Norte.
Cartaz do IRA contra a presença britânica no Ulster.
Não sou fã de U2, mas Sunday Bloody Sunday é, no mínimo, interessante. A letra da música descreve o horror sentido na Irlanda do Norte, quando tropas britânicas atiraram e mataram manifestantes de direitos civis em Derry. O incidente ficou conhecido como Domingo Sangrento. A letra está traduzida para o português.
Outra música que acho bastante interessante sobre o assunto é Zombie, da banda irlandesa The Cranberries. Assista abaixo a versão legendada em português:


Gostou do video e quer utilizá-lo nas aulas? Veja como aqui.

País Basco: localizado no extremo norte da Espanha e no extremo sudoeste da França, a região conhecida como País Basco possui cultura própria, sobretudo pela língua, o euskara (uma língua diferente de qualquer outra da Europa, com estrutura semelhante ao turco e ao japonês!),  e sustenta um movimento nacionalista desde fins do século XIX. A campanha dos grupos radicais nacionalistas pela independência cresceu com a fundação, em 1959, do grupo separatista ETA (Euskadi Ta Askatasuna, basco para Pátria Basca e Liberdade).

Bandeira do País basco.

Propaganda bem humorada (brincadeira) usando o símbolo do ETA. Acho que o pessoal do ETA não gostaria de ver ela por aí.
Existem várias outras regiões que buscam independência pelo mundo. Nessa postagem busquei reunir informações sobre os principais movimentos da Europa e da América que, volta e meia, estão na mídia. Acho interessante essa questão do separatismo no continente europeu, que busca a unificação por meio da União Europeia, mas esbarra em diversos movimentos separatistas motivados por questões religiosas, culturais e políticas, alguns, até mesmo, violentos. Em breve, farei o mesmo para o continente africano (nesse terei trabalho!).

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