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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Visita às usinas nucleares de Angra dos Reis - RJ

Aproveitando o período de recesso escolar, participei de uma aula de campo da Pós-Graduação que tinha por objetivo visitar a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que consiste, basicamente, em duas usinas nucleares em funcionamento (Angra 1 e 2) e uma em construção (Angra 3) localizadas no município de Angra dos Reis, Estado do Rio de Janeiro. Além disso, conheci um pouco das cidades de Angra e a histórica Paraty. Farei, então, alguma considerações geográficas (e algumas nem tanto) sobre a viagem, mas lembrem-se que como sou paranaense, algumas coisas me pareceram um tanto quanto diferentes no RJ.

A viagem
Iniciamos nossa viagem em um micro-ônibus da UFPR que partiu do centro de Curitiba na madrugada de domingo (10/06) para segunda (11/06) às 00:30 h. Aí já começaram os problemas, pois o possante não tinha banheiro e as poltronas eram muito estreitas e apertadas, mas tudo bem (afinal, não pagamos nada por ele mesmo...)! Pegamos a BR-116 em direção a São Paulo. Como fizemos várias paradas para o pessoal esticar as pernas, comer e ir ao banheiro, além de que pegamos uma rota com distancias intermediárias e passamos pelo Rodo Anel de São Paulo no horário de pico, chegamos ao município de Angra dos Reis às 14:30 horas do dia 11/06, aproximadamente. Por essa rota, convém destacar a beleza da RJ- 155 (Rodovia Presidente Getúlio Vargas), que lembra a Estrada da Graciosa, aqui no Paraná. Navegue pela imagem abaixo e localize os pontos visitados.


Visualizar Sem título em um mapa maior

A cidade de Angra dos Reis
Vista da pousada Daleste, em Angra, onde passamos a noite.
Foto: Prof. Lawrence, 2011.
Com 169.270 habitantes (Censo IBGE 2010) e fundada em 1502, Angra dos Reis nos chamou atenção pela grande beleza natural, mas também pelo grande estaleiro onde se encontravam navios  e plataformas de petróleo em construção, além das encostas densamente ocupadas tanto por pousadas de luxo quanto casas populares. Não é atoa que aí acontecem tragédias como as da virada de ano de 2009 para 2010, onde morreram 52 pessoas. Além disso, chamou atenção a grande quantidade de lixo nas ruas, esgotos a céu aberto e muitos urubus, o que tirou a vontade de entrarmos no mar. Como aqui no Paraná não é comum o tipo de construções em morros como no Rio de Janeiro, ficamos nos perguntando como as pessoas conseguem construir e morar em casas com dois, três andares, literalmente penduradas neles.
Infelizmente não tivemos tempo de visitar o centro histórico de Angra.

A Central Nuclear 
Formada pelas usinas nucleares de Angra 1 e 2 e pelas obras da Usina Angra 3, a área da Central abriga, ainda, duas subestações elétricas operadas por Furnas Centrais Elétricas S.A., os depósitos de armazenamento de rejeitos de baixa e média atividade e diversas instalações auxiliares (prédios de engenharia, almoxarifados etc.). A Central está localizada às margens da BR-101, na Praia de Itaorna e gerou em 2010 14.415 gigawatts-hora (GWh), cerca de 3% do Sistema Interligado Nacional de energia elétrica.  
Central Nuclear. A cúpula com a chaminé é
Angra 2, em segundo plano, parecendo um cilo,
é Angra 1. Foto: Prof. Lawrence, 2011. 
Angra 1 - a construção se iniciou em 1972 e foi a primeira usina do programa nuclear brasileiro. Entrou em operação em 1982 após 5 anos de testes.  É uma usina tipo PWR (Pressurized Water Reactor) onde o núcleo é refrigerado por água leve, desmineralizada, proveniente do mar. Foi fornecida pela Westinghouse (EUA) e construída também pelos estadunidenses, sem transferência de tecnologia.  
Angra 2 - construção iniciada em 1975, mas o funcionamento ocorreu apenas em 2000! A demora aconteceu devido a falta de financiamento (dinheiro) para a conclusão do projeto. Angra 2 é fruto do Acordo Nuclear Brasil - Alemanha. Essa usina foi fornecida pelo grupo Die Kraftwerk Union (KWU), da Siemens, com transferência de tecnologia. É do mesmo tipo de Angra 1 (PWR).
Obras de Angra 3. Foto: Prof. Lawrence, 2011.
Angra 3 - com previsão de conclusão em 2015, Angra 3 também é de origem do Acordo Nuclear Brasil - Alemanha. Construída pela Siemens, sua montagem foi paralisada na década de 1980 e retomada em 2008 devido à crise energética no Brasil (quando ocorreram os famosos "apagões").
Em breve farei uma nova postagem explicando o funcionamento dessas usinas e o contexto atual no qual estão inseridas.  

Chegando à Central Nuclear pela manhã, assistimos a dois vídeos institucionais sobre as usinas e a região de Angra dos Reis. Em seguida, tivemos uma palestra com um simpático membro da administração sobre o funcionamento das usinas e geopolítica (bastante atual e interessante!).  Depois da palestra, iniciamos a visita à usina de Angra 2 (onde não se pode fotografar). Passamos por algumas partes da usina, como a sala de controle, os geradores e o local onde a água do mar utilizada e tratada para que possa ser devolvida para a natureza. No período da tarde,  fomos a um tipo de condomínio onde moram os funcionários da central (um mundo a parte do restante da cidade de Angra, com restaurantes, comércios, escolas, praias particulares etc.) e onde estão alguns laboratórios e salas de treinamento, como o simulador do painel de controle de Angra 1.  Qualquer grupo pode visitar a central, desde que tenha 15 pessoas no mínimo, que elas usem sapatos de couro (exigência do pessoal como medida de segurança) e que seja feito um agendamento prévio.

A cidade de Paraty 
Casario colonial de Paraty. Foto: Prof. Lawrence, 2011.
Infelizmente, só tivemos uma hora para visitar a Cidade de Paraty em uma pausa durante o caminho de volta, contudo, a cidade nos pareceu bastante interessante. A cidade nos lembrou Ouro Preto, MG (mas sem os morros) e Morretes, PR. Fundada em 1667 e com 37.575 habitantes (Censo IBGE 2010), Paraty chama atenção pelo casario colonial histórico e pela boemia, já que possui vários bares e restaurantes. Como não tivemos muito tempo, comprei umas lembrancinhas, dei uma volta pelo centrinho histórico e voltei para o ônibus para retornarmos à Curitiba, mas com vontade de voltar para conhecer melhor o lugar.

Mais algumas fotos

Urubus ao longo de um "córrego". A ave é comum em Angra.
Foto: Luciane Scheuer, 2011.
Vista de Angra dos Reis da BR-101. Foto: Luciane Scheuer, 2011.
Mais informações:
Eletronuclear
Prefeitura de Angra dos Reis
Paraty - turismo e ecologia 

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