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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Valorização do professor

Não assisto muito TV, mas durante uma das minhas madrugadas das férias, vi um comercial do MEC incentivando as pessoas a serem professores. Claro, do jeito que as coisas estão indo, logo, logo não teremos mais professores no Brasil.
Trata-se desse aqui:


Quando assisti ao comercial até me emocionei, mas logo em seguida veio a pergunta mais simples que alguém poderia formular a respeito do assunto: "Será que o MEC comparou o salário e as condições de trabalho dos professores brasileiros com a dos professores alemães, franceses, sul-coreanos, finlandeses etc?". Que a educação do povo é a causa do desenvolvimento do país eu sei, você sabe, o Lula e a Dilma sabem também. Todo mundo sabe. Até a China, que a algumas décadas atrás era sinônimo de atraso e piada já "descobriu" os benefícios da educação de sua população. 
No Youtube, relacionado ao vídeo acima, estava um outro da Reuters com um título que me chamou atenção: "Quer ficar rico? Seja Professor". A primeira coisa que me veio a cabeça foi: "Deve ser sacanagem! Onde?".


Logo no começo do vídeo descobrimos que é na Coreia do Sul. Mas não é lá onde querem substituir os professores por robôs? É, lá mesmo. Engraçado, lá eles "trocam" professores por robôs e, mesmo assim, os professores ganham bem. Aqui o governo tenta incentivar as pessoas a serem professores com as condições de trabalho que conhecemos.
Mas voltando ao assunto do primeiro vídeo. Porque não teremos mais professores no Brasil? Por que os jovens, quando perguntados quanto ao futuro, respondem que gostariam de ser engenheiros de alguma coisa, advogados ou médicos e não professores? Até eu, quando comecei a ver o comercial na TV, pensei: "Qual profissional é responsável pelo desenvolvimento de um país? Ah, deve ser uma propaganda do CREA! Deve ser o engenheiro de alguma coisa!". Tamanho é o descrédito dos brasileiros com a educação... Mas não é o engenheiro. Sabe porque? Simples, como você vai transformar alguém que não consegue ler e interpretar um texto, que não consegue localizar o Brasil no mapa mundi ou resolver uma regra de três simples em um engenheiro, médico ou advogado? O atual momento do desenvolvimento econômico brasileiro pede muitos profissionais das áreas de engenharia, economia, técnicas e afins, mas quem busca transformar a juventude nesses profissionais é o professor, seja da educação básica à superior.   
Professor... profissional que responde a perguntas do tipo "você trabalha também ou só dá aulas?" ou passa por situações  como "ah! Você é professor então! Corajoso ein?" ou "meu filho faz faculdade de Geografia!", diz a mãe toda animada que escuta como resposta "ihh, então ele vai ser professor?!". Até nos ambientes de trabalho e familiar é desvalorizado por colegas e parentes: "você é muito novo pra ser professor! Veja se consegue alguma coisa melhor!". É o profissional que tem um déficit salarial de 20 poucos por cento em relação a qualquer grampeador de papel com nível superior do Estado do Paraná (nos outros estados eu não sei).  
É um salário horrível? Nem tanto, mas poderia ser bem melhor pela importância da profissão. Além disso, tem toda a falta de materiais, violência, salas superlotadas, aprovações forçadas de alunos etc. Fico surpreso quando alguém espantado pergunta como um enfermeiro consegue injetar vaselina no paciente ao invés de soro. A resposta é simples: ele estudou no Brasil.

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