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segunda-feira, 13 de junho de 2011

O professor desvalorizado

O economista, especialista em educação, Gustavo Ioschpe, colunista da Revista Veja, publicou (aqui) em 2007 algo interessante que vamos contrapor a postagem abaixo. Para ele, há uma "coitadização" do professor! (esse é mais um que queria ver dando aula numa 5ª série por aí...). Se você ler essa postagem, leia a próxima também e deixe sua opinião! Vote também, até o dia 13/07/11, na enquete no painel ao lado!

"Meu artigo na revista VEJA dessa semana fala sobre a "coitadização" do nosso professor - um discurso infantilizador de alguns, que trata o professor brasileiro como um pobre coitado, uma vítima - objeto, e não sujeito, de sua ação.
Parte desse discurso, rotineiramente proferido por membros da categoria e suas lideranças sindicais, diz respeito à desvalorização social do professor. Diz-se que a carreira de professor é desmerecida pela sociedade, e que a baixa auto-estima resultante dessa estigmatização está entre as causas do insucesso docente e do fracasso da nossa educação. Parece-me que é um caso de, na melhor das hipóteses, causalidade reversa.
Digo "na melhor das hipóteses" porque efetivamente não acredito que a profissão de professor seja vítima de preconceito. Pelo contrário, aliás. Onde quer que eu vá, vejo manifestações de apreço e encorajamento aos professores. Há uma série de prêmios, regionais e nacionais, destinados à categoria. Seguidamente jornais, revistas e programas de TV se referem aos professores como heróis. Quando acontece alguma agressão a professores ela logo vira destaque e é vista com espanto e reprovação. Acredito que a sociedade brasileira entende o papel fundamental do professor na formação de seus filhos. Pesquisa realizada pelo Inep (acesse a pesquisa) com os pais de alunos revelou que 83% dos entrevistados acreditam que os professores estão preocupados em ensinar e dar boas aulas, 77% diz que o professor tem paciência para tirar dúvidas dos alunos, 89% declaram que o professor é atencioso com os pais. Quando os pais são instados a dar notas para os professores de seus filhos, estes recebem uma avaliação exemplar: 8,6 para a qualidade do ensino e 8,4 para o conteúdo ensinado.
Essa já seria uma avaliação lisonjeira para qualquer profissão, mas no caso da educação brasileira, que é um fracasso indiscutível, ela é verdadeiramente miraculosa. Os professores brasileiros têm uma situação privilegiada: mesmo sendo os principais responsáveis pelo ensino, não recebem praticamente nenhuma condenação pelo seu fracasso, que recai todo sobre os próprios filhos (os alunos) e os governantes. Deve ser um caso único em que o pai vitima o filho, já vitimado pelo péssimo ensino que recebe.
Se há, em alguma região do país ou contexto específico, reclamações dirigidas aos professores que os façam sentir-se desvalorizados, só podemos dizer que é de se esperar. Poucas categorias profissionais no país apresentam resultados tão decepcionantes como a dos trabalhadores do ensino. E em nenhum outro caso esse desempenho é tão importante para o país. Durante décadas imperou a visão de que os problemas educacionais eram todos exógenos aos profissionais do ensino - causados pelas supostas faltas de interesse e de investimento da sociedade ou por problemas do próprio aluno. Atualmente, com as avaliações às quais o sistema educacional está sujeito, essa visão tornou-se insustentável. É absolutamente transparente que, com os mesmos níveis de recurso e atendendo pais e alunos dos mesmos estratos sociais, escolas diferentes têm resultados muito distintos. Sinal de que a escola, e o que os profissionais fazem dentro dela, importam - e muito - para o desempenho do aluno.
Está na hora de os nossos professores pararem de demonizar o Outro - governantes, diretores, políticos, pais, neoliberalismo, alunos - pelo insucesso da escola. Não vamos chegar a lugar nenhum com transferência de responsabilidades. E não se trata aqui de atribuir culpas - essa linguagem cabe nos confessionários religiosos, não em discussões de políticas públicas. Não interessa o que passou. O que importa é o que podemos fazer daqui pra frente. Tenho certeza de que se os professores tiverem o desprendimento de aceitarem realizar uma instrospecção (sic - reclama dos professores mas escreve errado né?!) honesta e conseguirem identificar suas carências, a sociedade brasileira - por meio de seus representantes eleitos, mas não apenas eles - saberá estender-lhes a mão, sem recriminações, e ajudar-lhes na melhoria das nossas escolas."

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3 comentários:

  1. Reportagem de quem nunca entrou em uma sala de aula.

    Até parece comentário de pai que tem o filho estudando no melhor colégio da cidade, que paga alta mensalidade pro filho estudar.

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  2. nem sei porque tempo lendo reportagem da Veja. Sempre os mesmos temas abordados da mesma forma. Quem viu aquela reportagem que saiu em 2007, da qual nosso professor, alguém que nos formou como professores, louvou em sala. Este economista aí... deveria falar de economia, investimento de verba em setores como educação. Por que ele não aborda este tema que é de competência dele? Parece um discurso claro do blog exaltado pelo nosso mesmo formador de professores que exaltou a antiga reportagem da Veja, o "escola sem partido", em letras minusculas mesmo, porque pensamento pequeno se trata assim de forma minuscula.
    Outra coisa, os colunistas da Veja adoram criar termos. Isto aí é coisa típica de quem quer ligar os outros ao seu ponto de vista. Termos curtos, diretos e de fácil pronuncia. Isto torna o termo de fácil repetição, o firmando no vocabulário informal

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  3. A Veja, assim como outras pessoas e meios de comunicação brasileiros, parecem ter esquecido da história da América Latina, que nos últimos anos o Brasil teve que dar passos maior que as pernas, tornando assim alguns setores meio bambos, como saúde e educação.
    Outra coisa, muitos meios de comunicação provocam na imaginação das pessoas a sensação de que movimentos sociais/sindicais são formações de um monte de desocupados, egoístas que estão empatando o bom funcionamento da sociedade. Recentemente temos a greve dos enfermeiros. Alguém foi lá mostrar o lado deles, oq passam? Não. Somente as pessoas com faixas nas calçadas. Revista Veja é triste mesmo. E olha que sou jornalista e mesmo na faculdade todos tinham arrepios destas folhas!

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